Em review divulgada nesta sexta-feira (28), pouco após o lançamento do lead single “Stupid Love”, a revista bimestral The Fader faz um apanhado de alguns sucessos de Lady Gaga até agora.

Dedicada a compartilhar informação sobre assuntos relacionados à cultura, principalmente música e cinema, a review é construída em cima de uma retrospectiva comparativa da carreira de Gaga, em cima de uma análise no cenário pop atual.

De acordo com a revista, o “pop é sobre se conectar com as massas, e no início de sua carreira, poucos músicos eram melhores nisso do que Gaga”.

Para eles, “Stupid Love” tem todos os ingredientes de um hit clássico da Gaga, que tenta retornar às alturas comerciais de seus dois primeiros álbuns, voltando ao mundo do pop EDM.

Confira a tradução:

“Stupid Love” poderá reverter o destino de Lady Gaga?

Desde ARTPOP, Lady Gaga não possui o domínio nos charts que ela já teve um dia. “Stupid Love” pode mudar isso?

Para entender a trajetória da carreira de Lady Gaga nos últimos anos, não precisa olhar muito além de Nasce Uma Estrela. Uma parábola sobre a importância da autenticidade acima do artifício, Nasce Uma Estrela parecia cristalizar a jornada que Gaga começou quando ela tirou a maquiagem e entrou na cabine para gravar Cheek to Cheek de 2014, sua colaboração de clássicos do jazz com Tony Bennett, e Joanne de 2016, seu caminho despojado de volta ao country. Traçando a ascensão de um artista de um começo modesto ao brilho, ao estrelado brilhantemente colorido e sua volta para a autenticidade enraizada, Nasce Uma Estrela colocou a música pop como uma antítese a valores puros, e parecia colocar o último prego no caixão da ‘velha Gaga’, o gonzo pioneiro que encontrou a fama universal com seus antigos lançamentos.

Hoje, com o lançamento de “Stupid Love,” o primeiro single do seu próximo lançamento e atualmente sexto álbum ainda sem título, Gaga tenta retornar para o patamar comercial de seus dois primeiros álbuns, voltando para o mundo do pop EDM. Impiedosamente grudenta e unida a um clipe selvagem e de alto orçamento que lembra a viralidade do passado, “Stupid Love” é uma tentativa inteligente e descarada para reconquistar dominância de um mundo que ela já foi dona um dia. Aparentemente, ela está completamente comprometida a retornar para o seu som da década de 2010. Todos irão se comprometer também?

Pop é sobre se conectar com as massas, e no começo da sua carreira, poucos músicos eram melhores nisso do que Gaga. Seus dois primeiros singles deslizaram para o No.1 nos charts e seu segundo álbum, o absurdo e onipresente Born This Way, vendeu mais de um milhão de cópias na primeira semana, algo que somente 12 outros artistas conseguiram fazer. Todo império desmorona, no entanto, e o público eventualmente se cansou do maximalismo à lá Pollock do som de Gaga, assim como seus truques crescentemente extravagantes patrocinados por marcas. Seu terceiro álbum, o melhor-do-que-você-se-lembra ARTPOP, vendeu somente uma fração de cópias dos seus antigos álbuns, e falhou em fornecer um hit com longevidade.

Pela lógica do pop, a ‘era falida’ geralmente requer algum tipo de reinvenção. Madonna, Kylie e Cher sabem que um flop é frequentemente menos um plebiscito em cima do artista e mais um plebiscito da sua estética e, operando por esse modo de pensamento, tem resultado para cada uma delas hits em múltiplas décadas. Gaga, operando com a lógica de seus antepassados, respondeu ao fracasso de ARTPOP evitando sua estética brilhante, ultrassaturada para o realismo de Joanne e de Nasce Uma Estrela. O convencimento absoluto da mudança foi um sucesso.

O negócio com esses projetos, no entanto, é que eles a grosso modo tiveram o mesmo impacto de ARTPOP, talvez menos. (Embora “Shallow,” um single de Nasce Uma Estrela, tenha atingido o No. 1 nos charts, ainda pareceu uma anomalia induzida pelo Oscar, não chegando na onipresença da Plenitude de Gaga). Então o lançamento de uma música como “Stupid Love,” que encontra seu retorno ao som bombástico e de boate que fez o seu nome, pareceu inevitável.

“Stupid Love,” que contém amostras clássicas de BloodPop e tem como destaque baixos sintetizadores populares/intelectuais que eu só poderia associar com Gaga, tem todos os ingredientes de um hit clássico de Gaga. É agradável, mas também me faz sentir como se meu cérebro estivesse tendo espasmos; é inteligente, e ainda assim, de alguma forma, também é muito, muito estúpido. Tem até mesmo Gaga alongando sua pronúncia de ‘amor’ três, talvez quatro vezes — uma base das suas melhores músicas. Mas não parece uma música que irá colocar Gaga de volta ao No. 1.

Por exemplo, “Stupid Love” é, em um nível estético e estrutural, bem similar a “Applause,” o single que deu início ao ARTPOP. “Stupid Love” é mais limpa, e o gancho não é “Put your hands up / Make ‘em touch,” mas funcionalmente são bem similares. Eu passei os últimos meses ouvindo muito ARTPOP, e achei a insanidade extrema do álbum charmosa e frequentemente um tanto quanto fascinante. Mas flopou por um motivo: pelo próprio orgulho de Gaga, sua inabalável disposição de acreditar que ela é imparável independentemente de quão extrema suas músicas se tornaram, levando para um álbum selvagem demais para muitas paletas. “Stupid Love,” embora seja mais digestível que qualquer coisa daquele álbum, ainda parece maximalista e, ocasionalmente, irritante.

Talvez Gaga não queira reconquistar a supremacia dos charts. Mas no pop mainstream, saturação é igual a vitória, e apesar de ainda estar nos holofotes, Gaga não controla a discussão da forma que um dia controlou.

Mas de novo, quem controla? A era de Gaga estilo estrela pop está verdadeiramente acabada. O final dos anos 2000 e o início da década de 2010 foi dominada por Gaga, Katy Perry, Rihanna, Taylor Swift, e um monte de mega estrelas que pareciam mais que capazes de constantemente substituir seus No.1 com outros No.1 ainda mais bem sucedidos. Não é o caso mais. Rappers, e aqueles que facilmente podem se aproximar das estéticas do rap, dominam os charts agora, e isso tornou o pop mais interessante e mais variado.

Mesmo os titãs não conseguiram recapturar suas velhas mágicas nos charts: Katy Perry, que já lançou um álbum que forneceu cinco singles No.1, lançou a música à lá Teenage Dream “Never Really Over” no ano passado, que teria sido um hit certeiro no seu auge, e o assistiu fracassar sem nunca alcançar o top 10. Mesmo se “Stupid Love” fosse o melhor single que Gaga já lançou, pode não tocar em um mercado que está buscando estrelas pop no centro do diagrama de Venn pop/rap como o de Billie Eilish e Ariana Grande.

A ironia aqui é que, embora a aposta de Gaga em autenticidade com Joanne não tenha sido uma jogada bem-sucedida nos charts, o sucesso de Grande e Eilish é condicional na comunicação bem-sucedidas delas do tipo de realidade sem filtro pela qual os fãs se conectam. É uma nova era, e as regras do jogo para o sucesso no pop mudaram; Gaga gostando ou não, ARTPOP não é mais o nome do jogo.

Confira a publicação completa.

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Vinícius de Souza