Big Freedia é a grande voz por trás da nova versão de “Judas”, presente no relançamento do “Born This Way”, intitulado “Born This Way Reimagined The Tenth Anniversary”, que celebra os 10 anos do disco.
No próximo sábado (26), a rapper será a convidada especial da festa virtual da Paper Magazine, Club Quarantine, que vai celebrar o relançamento do álbum.
Em contagem regressiva para o evento, Big Freedia concedeu uma entrevista exclusiva para a revista e falou sobre vários assuntos.
Durante o bate papo, a artista revelou que recebeu uma ligação da equipe de Lady Gaga convidando-a para fazer parte da versão ‘reimaginada’ do “Born This Way”, além de citar alguns detalhes por trás da produção da faixa. Ela ainda relembrou que estaria na versão original do disco, mas a parceria não ocorreu na época.
Ao decorrer da conversa, Big Freedia passeia pela carreira de Gaga e revela quais são as músicas e looks favoritos da Mother Monster. "Jewels N' Drugs" e "Fun Tonight" são destaques para a rapper.
Confira a tradução completa:
"Big Freedia ainda está apaixonada por Judas, Baby
O álbum influente de Lady Gaga, Born This Way, recentemente fez 10 anos (mas se você está lendo este artigo, você já sabe disso). Para comemorar uma década de bocas de uísque nas suas partes loiras (‘whiskey mouths over blonde souths’), a Mother Monster divulgou o relançamento do álbum com seis versões recentemente interpretadas de algumas de suas faixas favoritas para chegar nos nossos fones de ouvido no decorrer das próximas semanas. Com o primeiro cover surpresa vem a interpretação bounce de Big Freedia de ‘‘Judas’’, na voz de Halsey oh, que bom.
A rainha do Bounce de New Orleans (e antiga estrela da capa PAPER Pride) não é nenhuma estranha na colaboração com lendas globais — seus samples são usados em hits como ‘’Fomation’’ da Beyoncé, "Nice For What" de Drake. Em "Judas", no entanto, Freedia teve total liberdade para trabalhar a música inteira, usando seu talento para as batidas pulsantes sulistas para reconsiderar completamente o que a música pode ser. O cover de Freedia começa com acordes de piano reduzidos, antes de irromper em uma batida bounce com backing vocals de um coral vibrante de mulheres. É totalmente diferente de seu som original, oferecendo uma alegria inesperada em "Judas" enquanto ainda mantém a ferocidade original de Gaga.
Na época da publicação, covers de "Highway Unicorn (Road To Love)" e "You and I" já haviam sido revelados (Madonna brincou que iria lançar algo grande no dia 24 de junho, o que poderia potencialmente fazer a terra tremer). "Judas" de Freedia já está em boa companhia. Desde o início das festividades, a versão vibrante de Orville Peck de "Born This Way — The Country Road Version" e a versão animada de Kylie Minogue para "Marry The Night" já chegaram nas plataformas de streaming. Ontem nós também recebemos uma nova versão de "The Edge of Glory", cortesia de Olly Alexander da banda Years & Years. Um álbum de remix de Chromatica está supostamente em andamento também, e (de acordo com a Twittersfera, de qualquer forma) nomes brilhantes do pop como Rina Sawayama e Charli XCX supostamente estão escaladas para participar.
A contribuição de Freedia ao 10º aniversário de "Born This Way" (ele cresceu tão rápido) precede o novo EP da artista, Big Diva Energy, que será lançado no próximo mês, e um novo single celebratório, "Betty Bussit", no final desta semana. Ela vai cair na estrada para uma turnê pós-pandemia da nação que a verá visitar dezenas de cidades de costa a costa no decorrer do resto de 2021. New York City Pride será um trabalho maior junto da jornada, assim como, claro, sua performance virtual para a PAPER para a celebração do aniversário de "Born This Way", que irá acontecer neste sábado dia 26 de junho.
Para celebrar uma década de "Born This Way" e o retorno invejável de Big Freedia ao centro das atenções, nós nos juntamos com a lenda de New Orleans para um momento "paws up’’ bem Little Monster, em que conversamos sobre a discografia da Srta, Germanotta, bem como a nova música de Big Freedia e como ela passou a quarentena no lugar que tem o apelido de The Big Easy.
- The Big Easy é um filme que em português se chama ‘Acerto de Contas’. New Orleans é referida dessa forma por causa do jeito descontraído em relação à vida que os músicos de jazz e os residentes adotaram. Fonte
Vamos começar com "Judas" e a ligação da Haus of Gaga — como foi a ligação? Qual abordagem você utilizou para interpretar essa música lendária?
A equipe de Gaga ligou para a minha equipe e então a mágica começou a acontecer. Meu empresário me ligou e contou a notícia para mim — Fiquei muito animada por fazer o cover de "Judas" para o aniversário de 10 anos de Born This Way da Lady Gaga. Você tem a oportunidade de fazer um remix de uma das músicas de Lady Gaga? OK, isso é grande! Começamos a trabalhar imediatamente. Minha equipe e eu reservamos uma sessão de estúdio, eu e um de meus compositores, produtores e alguns vocalistas entramos de cabeça, começamos a definir as coisas... trouxemos algumas garotas para fazer os backing vocals no refrão e começamos a fazer a mágica acontecer. Fizemos no estilo Freedia, da maneira que eu me sinto bem e confortável.
Aquelas garotas no refrão — você já havia trabalhado com elas antes?
Duas delas sim. Uma era novata. Mas ela era amiga das outras garotas e também era uma segunda voz, bem similar com o mundo Freedia. Todas as três são de New Orleans. Uma delas se chama Jelly, que canta com Tank and the Bangas. Elas são garotas incríveis e fizeram um trabalho maravilhoso.
Eu li que você escolheu "Judas" porque "é uma música de amor sobre quando alguém trai sua confiança." Obviamente você quer manter sua vida privada, mas você pode contar o que quis dizer com isso?
Todos nós passamos por situações na vida em que alguém nos prejudica. Nos sentimos traídos ou usurpados, e o conceito todo de "Judas" é quando Judas traiu Jesus. Ao invés de ir para um lado mais espiritual, eu levei para a minha vida amorosa, que era mais pessoal. Para mim, ser traída e usurpada, não só na minha vida amorosa — poderia ser por um amigo, um membro da família... Traição. Esse foi o meu processo de pensamento na criação da nova versão.
Você tinha uma vibe sônica em mente para sua interpretação?
Eu queria fazer Freedia. Queria incorporar o sentimento que Lady Gaga traz à tona e nos oferece, mas eu também queria fazer Freedia, do meu jeito, e dar algo novo que as pessoas ficariam tipo: “Isso é algo totalmente diferente”. Então o piano solo, alguns elementos de batidas, e mais do sentimento de dança, para mim faz bem subir para outro nível, em uma direção diferente. Contudo, nós vamos dançar!
Você mencionou na W Magazine que era para você estar no álbum Born This Way original.
Isso foi naquela época, quando eu estava trabalhando junto com meu DJ na época o Rusty Lazer. Ele recebeu uma ligação [dizendo] que eles me queriam na música “Born This Way”. Nós ficamos muito empolgados com isso.. Na verdade, eu estava junto com o Rusty Lazer, nós estávamos na casa dele. Estávamos fazendo algumas coisas, nos preparando para um final de semana fora da cidade e ele me contou sobre esse projeto. Porque eles mandaram tipo “Eles querem você nisso”. Então isso foi quando eu ouvi a música pela primeira vez. Eu não sei o que aconteceu, não sei como isso não rolou. Mas na minha opinião não era o momento, e tudo volta se for pra acontecer. Dez anos depois, eu estou fazendo o cover de “Judas”.
Eu estou empolgado por esse álbum, porque nós somos grandes Littles Monsters. Quais músicas te chamaram atenção da tracklist? Ela começa com “Marry The Night”...
*Claro. Ela é a primeira música do projeto, e nós sempre queremos casar com a noite de algum jeito. Seja se divertindo com alguém ou apenas tendo um ótimo momento. Mas “Born This Way” foi definitivamente uma das minhas favoritas do projeto. Porque eu tendo nascido desse jeito que sou, sendo quem eu sou, vivendo minha verdade e sem se desculpar… Lady Gaga é uma grande advogada para a comunidade LGBTQ e nós sentimos a música dela e seu espírito. Elas são todas muito boas, é um álbum lendário para ela. Ela fez a coisa dela em todo o projeto. Se eu tivesse que escolher outra favorita… eu provavelmente iria de “Fashion Of This Love”.
E o remix de Fernando Garibay é tão bom. De forma mais geral, fora de Born This Way, quais são as músicas de Gaga que te mais te inspiraram musicalmente?
“Just Dance” é uma das minhas favoritas. Eu amo dançar. Eu estou sempre dançando, estou sempre em algum palco balançando a minha bunda. E fazendo as pessoas se divertirem. Eu acho [The Fame Monster] um ótimo álbum também. Quer saber, isto foi quando eu estava me encontrando um pouco mais. Eu estava me tornando um pouco mais conhecida. Pra mim “Paparazzi” é ótima. Eu estou sempre tentando me esquivar. Vivendo esta vida que a gente vive, sendo uma artista, nós temos sempre que prestar atenção no que fazemos, como fazemos, como nos movimentamos. Eu estava sentindo isso com certeza.
E, mais recentemente, sobre ARTPOP ou Joanne ou Chromatica. Algum destaque?
Eu gosto de coisas divertidas. “Fun Tonight” é ótima. “Stupid Love” também.
Esse videoclipe foi gravado por um Iphone
Eles fizeram isso mesmo! Quando se trata de Gaga são muito criativos. Qualquer coisa é possível quando se trata da icônica presença dela. Você sabe o que mais eu gosto? “1000 Doves”. [Ela] é uma ótima música. Sendo apenas uma fã da Gaga, ela faz umas músicas ótimas e muitas das músicas dela eu coloco pra repetir.
Quais são as que mais estão pra repetir?
“Jewels N’ Drugs” era minha favorita do ARTPOP. Quando eu estou me sentindo de um certo jeito, se eu tenho uma certa companhia, ou algumas das minhas amigas gays vêm aqui, nós vamos para músicas diferentes: um pouco de Gaga, um pouco de House… podemos ir pro pouco do old school, um pouco de hip-hop. Gaga sempre será uma das minhas favoritas ao lado de muitos outros grandes artistas por aí.
Você tem um look da Gaga favorito?
Seja o look com jaqueta de couro, com cabelo para o lado, com asas… Meus Deus, botinas. Todos os tipos de performances com botinas. Quero dizer, é a Gaga. Todo o look que ela veste é realmente alucinante. “Telephone” foi um bom vídeo.
Nós precisamos da parte dois!
- No restante da entrevista Big Freedia aborda outros assuntos.
Ouça a versão de “Judas” ‘reimaginada’ por Big Freedia:
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Tradução por Laíza Coelho e Vanessa Braz de Queiroz Revisão por Eliza Pildervasser
